"EU, O CAMELÔ E O
UMBIGO DO BRASIL"
Este ano tirei umas férias e fui
ao paraíso, pelo menos esse é um dos meus paraísos que sonho. E no meio da
viagem, paramos na fronteira do Panamá com a Costa Rica. Pense em um
camelódromo enorme. Muito menor, confesso, que a 25 de março em São Paulo, mas seguindo
aquela mesma linha: podemos encontrar coisas que realmente valem a pena ou
sermos surpreendidos por produtos de qualidade duvidosa, até mesmo porque a
pirataria é uma prática global.
Depois de rodar e observar as
“lojas”, paro em frente a uma barraca, sim uma barraca, que vendia mochilas. E
começo a observar o que acontece em volta. O dono da barraca que estou em
frente está em uma negociação com um casal tipicamente ”estrangeiro” – pelo
biotipo e pelas características das roupas devia ser europeu. E aí a linguagem
da negociação e da apresentação do produto ocorre em inglês. Confesso que não
em um inglês clássico, mas em um inglês que ambas as partes conversam, tiram as
suas dúvidas por uns 10 minutos.
O casal ao sair, me vem uma
curiosidade que não pude evitar, e me aproximo do camelô para conversar.
Logicamente quando falo que sou brasileiro a postura muda. Brasileiro sempre
puxa para a “esculhambação” e libertinagem - tudo bem que somos simpáticos, mas
tem limites. Após o papo de mulher, futebol e algumas coisas irrelevantes eu
começo a fazer algumas perguntas.
Acho que por isso que faço o que
faço profissionalmente, adoro ouvir histórias e estórias. Minha equipe às vezes
me diz que demoro nas minhas entrevistas, mas quando uma conversa é interessante
sigo em frente. Mas, voltando ao ponto pergunto:
Meu amigo, tenho notado que todo
mundo aqui na Costa Rica, ou a sua grande maioria, não importa sua classe
social ou formação se comunica em inglês, e bem. A formação escolar de vocês é
baseada no inglês? Faz parte essa formação em inglês?
Ele me responde:
- Não, não temos nenhuma formação
em inglês, eu não fiz escola particular, nem tampouco minha família tinha
condições de me preparar. Tenho a formação básica. Mas, sabe qual é o problema
do Brasil? Vocês são grandes demais. Vocês não se importam nem sabem o que está
acontecendo aqui na América Latina e Central, nem no mundo. Eu tenho que falar
inglês para sobreviver, eu negocio com o mundo. O mundo vem aqui de férias e eu
tenho que negociar com eles. Preciso falar para sobreviver!
Não vou aqui discutir a questão
política e o posicionamento dele, mas a mensagem e a percepção ficaram claras:
não estamos e nem nos preparamos para negociar com o mundo. Com a finada Copa
do Mundo do Brasil e acompanhando as “preparações” do Governo junto à população
geral de cursos de inglês com foco para vendedoras de acarajé, prostitutas e
taxistas.
Nas salas de aula a grande
maioria dos alunos de graduação e pós-graduação, pelo menos aqui em Salvador,
sem medo de errar mais de 90% não tem nem o inglês intermediário-avançado. Não
concorremos mais com o vizinho (de rua, de bairro, de cidade, de estado, do
país), concorremos com o mundo! E não estamos nos preparando para isso. Cada
vez mais estamos olhando somente para o nosso umbigo. É um umbigo grande, mas
estamos perdendo enormes oportunidades em todas as cadeias produtivas que você
possa imaginar.
Antes que eu me esqueça, ele
vendeu as mochilas!
And at happy hour today, think
about as you can be more attentive to the global market. It is not enough know
only about drinks names. And take a penny more, because you must pay the taxi
back to his house, because if you drink, do not drive! A big hug and never give
up your dreams!* Marcio Lopes
Obs.: Marcio Lopes, sócio e diretor da Organiza - Consultoria de Gestão Empresarial www,organiza-ba.com.br) , e da Paulo Lopes Desenvolvimento Pessoal e Empresarial www.paulolopesdpe.com.br . Headhunter, Consultor, Coach Profissional e Palestrante. Este artigo teve divulgação no site Gente e Mercado & Comercial ( http://www.genteemercado.com.br/uma-noite-de-silencio/ e no Jornal Tribuna da Bahia, quinzenalmente às sextas-feiras.
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